terça-feira, 7 de julho de 2020

Demonstração dos Fluxos de Caixa

Série: Conhecendo as Demonstrações Contábeis 
Capítulo 3

Esta é a terceira postagem a respeito das demonstrações contábeis divulgadas por clubes de futebol. 

Para acompanhar a primeira postagem a respeito do Balanço Patrimonial clique aqui.
Para acompanhar a primeira postagem a respeito da Demonstração do Resultado do Exercício clique aqui.

Neste post apresentamos alguns aspectos da Demonstração dos Fluxos de Caixa. Nela, são evidenciadas as alterações ocorridas na conta caixa durante um período. Geralmente este intervalo compreende um ano.

Há duas formas de apresentação desta demonstração:
  1. Direta
  2. Indireta
Na forma Direta, é possível observar todas as entradas e saídas da conta caixa de maneira clara. Já na forma Indireta ajustes são realizados partindo da demonstração do resultado do exercício, de maneira a ajustar efeitos econômicos que não afetaram a conta caixa no período. Nesta postagem, não é nosso foco detalhar sobre as formas de apresentação desta demonstração, somente expomos que existem duas maneiras de apresentá-la e que a mais usual é a maneira indireta, também utilizada pelos clubes.

Quanto as categorias que subdividem essa demonstração, são três: 
  1. Atividade Operacional
  2. Atividade de Investimento
  3. Atividade de Financiamento
Na atividade operacional, são agrupadas as entradas e saídas que envolvem a operação principal do clube. Portanto, as entradas e saídas referentes a direitos televisivos, bilheteria e salários de jogadores são alguns exemplos da categoria operacional.

Na atividade de investimento, são agrupadas as entradas e saídas que envolvem a aquisição ou venda de ativos de longo prazo do clube. Portanto, as entradas e saídas referentes a compra e venda de jogadores, compra ou venda de um estádio ou centro de treinamento são exemplos de transações que são relacionadas na atividade de investimento. Como o registro dos contratos dos jogadores é feito no ativo intangível, que fica no aitvo não circulante, é outro argumento para que seja classificado como atividade de investimento e não na atividade operacional.

Na atividade de financiamento, são agrupadas as entradas e saídas que se relacionam com o capital de terceiros ou próprio da organização, isto é, o seu passivo. Assim, as entradas e saídas referentes a aquisição ou pagamento de empréstimos e financiamentos é o principal exemplo de transação que é divulgada na atividade de financiamento.

Apresentamos como exemplo a demonstração do Goiás Esporte Clube para analisarmos alguns pontos importantes que identificamos.



Fonte: Demonstração dos Fluxos de Caixa publicada em conjunto com as as demonstrações do ano de 2019 do Goiás Esporte Clube.


Como o clube apresenta de maneira indireta, não é possível analisar de maneira substancial as atividades operacionais. O que pode ser analisado com certa clareza é que no clube mais recursos operacionais entraram no caixa do que saíram, gerando um caixa líquido positivo. Um ponto positivo é a redução da conta receitas antecipadas no passivo. Nesta conta, são lançados os valores que o clube antecipa de receitas futuras. Em função da redução, é possível afirmar que o clube em 2019 possui menos valores antecipados do que possuia em 2018. 

Na atividade de investimento, percebe-se que o clube pagou compras de atletas profissionais da ordem de 3 vezes superior ao ano anterior. Cabe lembrar que no ano de 2018 o clube estava na segunda divisão do campeonato brasileiro e em 2019 na primeira. O clube também está aumentando seu ativo imobilizado nos dois últimos anos com a construção de edificações. O clube não divulga quais são estas edificações, mas possivelmente se relacionam com a construção e reforma realizada no estádio Haile Pinheiro, conhecido como Serrinha em referência ao maior estádio do estado, o Serra Dourada.

Na atividade de financiamento, percebe-se que o clube teve fluxo positivo a partir da obtenção de novos empréstimos e financiamentos.

Como aspecto positivo, destaca-se que o clube gerou um montante relevante de caixa no ano de 2019, aproveitando seu desempenho na primeira divisão do campeonato brasileiro. A geração de caixa é fundamental para a manutenção de uma organização no curto e longo prazos. 

Para finalizar, cabe fazer menção a diferença desta demonstração para a demonstração do Resultado do Exercício. Como exemplo, trazemos uma transação bastante comum em clubes de futebol: A transferência de um atleta. Digamos que o Goiás vendeu um atleta para o Grêmio. O jogador fez os exames médicos, assinaram os contratos e todos os tramites jurídicos foram realizados. O valor da transação foi de 10 milhões de reais. Entretanto, o Grêmio acordou que só pagará esse valor no próximo ano, pois não possui os recursos financeiros no momento. Essa transação, portanto, só constaria, neste primeiro momento, na demonstração do resultado de ambas as equipes, pois não houve transferência de recursos financeiros que afetassem a conta caixa dos clubes, somente o evento econômico havia se estabelecido. No momento que a transação financeira ocorresse (transferência bancária do valor, por exemplo) ela constaria na demonstração dos fluxos de caixa. No longo prazo, os valores econômicos (DRE) e financeiros (DFC) tendem a se aproximar, mas no curto prazo algumas diferenças podem existir. 

Na próxima semana traremos a última postagem desta série. Analisaremos o orçamento do ano de 2020 do Fortaleza!

Muito obrigado!

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