domingo, 21 de junho de 2020

50 ANOS DO TRICAMPEONATO - Não foi uma Vaga Lembrança

Hoje faz 50 anos do tri campeonato brasileiro no México. Quem já estava pela vida e tinha mais de cinco anos deve se lembrar onde estava e o que aconteceu naquele 21/06/1970, que também era um domingo lindo de sol. 

Eu tinha oito anos, meu irmão Afonso 12. O normal, para a maioria dos brasileiros, era não ter TV. Não éramos diferentes. Ter televisão, talvez, quem sabe, quando muito, só num vizinho ou parente e olhe lá.  Então, meu irmão me levou para ver o jogo na casa da tia Laura, no distante bairro Cordeiros na saudosa Itajaí.  Assistimos juntos: eu, ele e o primo Velci. Pelo que me lembro, não tinha mais ninguém na casa da tia. Ventava um pouco no início do jogo.  A imagem da TV era ruim e por duas ou três vezes caiu a energia na casa. 

Pouco do jogo conseguimos assistir. Sem rádio a pilha, sem vizinhos próximos, a ansiedade e a tristeza aumentavam por não poder acompanhar aquele jogo dos sonhos. A energia voltou, mas a imagem da TV ficou na lembrança. Conseguimos ouvir a parte final pelo rádio. 

Quando acabou, voltamos de ônibus para o bairro da Vila, onde morávamos fazia séculos. Pegamos um ônibus e paramos no centro da cidade, onde era o ponto final do coletivo Itajaí. Sem dinheiro para pegar o próximo ônibus até em casa, viemos andando, uma distância insignificante hoje em dia, mas naquela época, uma grande travessia. A comemoração do tricampeonato pelo centro da cidade era imensa e parecia que nunca iria acabar. Todos estavam lá e eu não queria voltar. Nunca tinha visto nada igual. Muita gente cantando e gritando Brasil Campeão!! Brasil!! Brasil Tricampeão!! Numa felicidade contagiante que aos olhos de uma criança parecem eternas. 

Meu irmão me segurava firme pelas mãos para não me perder no meio daquela alegria confusa. Num desses momentos que você nunca esquece, ele achou, ganhou, encontrou (sei lá) e me deu uma bandeirinha do Brasil com mastro de bambu. A minha felicidade já era imensa e parecia transbordar quando eu sacudia com o maior entusiasmo do mundo aquela pequena bandeirinha de papel do Brasil. Este foi um dos poucos momentos da vida que nunca esqueci. Também nunca falei para ele!



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