quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Esporte como fenômeno sociocultural: O caso da WNBA

 



Mais presentes em nossas vidas, as questões socioculturais são mais debatidas por todos e no esporte não poderia ser diferente. Acompanhando a tendência mundial, os atletas vêm se posicionando cada vez mais sobre diversos temas, chamando a atenção do público em geral para temas de extrema relevância em nossa sociedade. 

Os atletas se posicionarem é um fato nobre e notável, pois eles são exemplos, principalmente para os jovens. O fato de eles estarem dando voz a problemas sociais, faz com que mais pessoas se sintam encorajadas a realmente mudar algo. Em 2018, Lebron James falou sobre a importância de se posicionar após ser criticado por falar de política por uma jornalista, que na oportunidade falou para ele parar de falar e somente jogar, então ele respondeu: "Definitivamente não vamos nos calar e só jogar. ... Quero dizer muito para a sociedade, muito para os jovens, muito para tantas crianças que sentem que não têm uma saída".


Essa simples resposta é importantíssima para mostrar que todos os jogadores, não são somente jogadores, são humanos como nós, com suas opiniões que importam tanto quanto as de qualquer outro ser humano e que eles com a sua visibilidade, podem trazer engajamento para as causas, gerando mudança.

Recentemente na NBA, podemos perceber 3 causas que os jogadores estão usando a sua plataforma para divulgar e tentando provocar mudança. A primeira foi a questão dos norte-americanos irem às urnas votar (até os próprios jogadores que segundo Chris Paul, 90% já estão registrados para votar, em detrimento aos 20% que votaram na eleição anterior), para que suas vozes sejam ouvidas por meio do voto, celebrando assim a democracia. A segunda foi a questão racial (que merece um texto a parte), a qual chegou a literalmente parar a NBA. Por último, mas não menos importante, é a questão motivadora deste texto, que é a igualdade de gênero, a luta do feminismo.

NBA e WNBA: Diferenças econômicas


Para exemplificar melhor, faremos comparações entre a WNBA e a NBA. Começando pelas questões salariais, a qual já foi trazida no futebol pela Revista France Football quando comparou a salário de Neymar com o de Marta. Na WNBA, o salário máximo de uma atleta é de US$ 215 mil/ano, já no masculino é de US$ 40 milhões/ano aproximadamente, ou seja, mais de 186 vezes maior. O salário mínimo de um jogador da NBA é de US$893 mil/ano, ou seja, 4 vezes maior que a jogadora mais bem paga da WNBA. Isso realmente é justo?

Segundo matéria da Insper Sports Business, o salário das jogadoras da WNBA representa aproximadamente 20% das receitas dos times, enquanto no masculino, representam 50%.



Em função disso, diversas atletas atuam em outros clubes fora dos EUA durante o período de férias para complementar a renda. Assim, sacrificam o período de descanso, podendo diminuir a longevidade da carreira devido a necessidade de ganhar mais dinheiro enquanto podem. Às vezes as jogadoras optam em continuar jogando em ligas menores que pagam mais, como foi o caso da Diana Taurasi (atual jogadora do Phoenix Mercury). Ela explica que a diferença salarial se deve mais ao fato de os times serem de donos com muito dinheiro que querem mais ganhar do que ver o retorno financeiro em si.

Além dos salários, existem diversas outras diferenças entre as ligas. A média de público não chega à metade da masculina, mesmo com um número menor de jogos. O jogo também é visto por menos pessoas na televisão afetando os contratos de direitos de transmissão (2,4 bilhões de dólares ao ano na NBA e 52 milhões de dólares ao ano na WNBA).

Isso mostra a diferença da valorização do esporte. A única diferença mais relevante entre os jogos é o aspecto mais físico utilizado no masculino, pois a qualidade técnica é tão boa, ou até melhor no jogo feminino.

Como igualar os salários? Por meio da "canetada"? 

Muito possivelmente não, pois vivemos em um sistema capitalista, muito baseado em números, sendo assim, para igualar, teríamos que igualar os números do masculino. Então nos resta contribuir nas diversas formas que podemos. 

E quais são essas formas?

Siga páginas e comente os jogos da WNBA nas redes sociais da mesma forma que você comenta os do masculino, compre produtos da WNBA, assista os jogos das mulheres, faça comparações com o estilo de jogo das próprias lendas da WNBA e do basquete feminino no geral como Hortência e Magic Paula. Valorize o esporte, incentive, dê valor e visibilidade para que ele cresça e cada vez mais diminua as desigualdades.


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